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"Navegar é preciso, viver não é preciso..."

Olá, pessoal.

Eu pretendo com essa mensagem iniciar uma sequência de relatos sobre a
minha saga com a Web. Fiquem à vontade para responder, complementar, ou
fazer perguntas.

Como sabem, não é de hoje que tenho sérias preocupações com o que a Web
se tornou. Inchada, complexa e muitas vezes usada para finalidades
questionáveis. Ainda assim, a Web ainda é bastante útil e não a
considero um caso perdido. Portanto navegar ainda é preciso.

Ao navegar pela Web, você necessariamente precisa desviar de uma série
de internauteiras (entenda-se ratoeira para internautas) que de algum
modo estarão agindo contra o seu interesse.

Os problemas da Web são muitos, e atingem cada pessoa de um modo
diferente. Se você não sabe qual problema quer resolver, menos ainda
vai saber qual solução será melhor. Nesse sentido, um conjunto de
critérios deverá nortear essa análise. E aqui estão os meus critérios.

Liberdade
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Liberdade quer dizer estar no controle. Isto requer que os programas
utilizados estejam sob licenças que não cerceiem a minha liberdade
(software livre, portanto), mas não só isso. É preciso que não haja
subterfúgios legais, como uso de marca registrada ou dependência sobre
módulos que tenham restrições semelhantes.

Outro ponto importante é o respeito às decisões do usuário. Mesmo que
sob uma licença livre, um programa que arbitrariamente altera as
propriedades configuradas previamente em intervalos de tempo
programados ou a cada atualização também está violando a minha
liberdade.

Além disso, liberdade também tem a ver com uma comunidade ativa e capaz
de reagir a qualquer tentativa de sabotagem. E ainda outro ponto
relevante é uma infraestrutura segura e confiável, que facilite este
trabalho. Isto vale não só para a infraestrutura da Web em si, mas
também a infraestrutura dos projetos que sustentam a Web, como
programas clientes e servidores e utilitários voltados para a navegação.

Privacidade
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Privacidade é uma questão até mesmo de respeito. O motivo por que
tantos programas e serviços são desenhados para violar a nossa
privacidade é por entender as pessoas como fontes de dados ambulantes
que darão lucro e não como seres humanos. Outro motivo comum é o apoio
(voluntário ou não) a regimes autoritários, que desejam manter um
controle abusivo sobre os cidadãos.

Nenhuma dessas situações é desejável e todo tipo de esforço deve ser
empregado para fazer frente a essas sabotagens. Neste contexto,
privacidade não diz respeito apenas à não coleta de dados pessoais, mas
também o não suporte a recursos que possam ser usados contra o meu
interesse, e até mesmo o suporte a um conjunto de contramedidas para
conter a coleta massiva e o rastreio.

Abro parênteses para dizer que entendo a Web como um espaço público, e
portanto há limites para o que se possa entender como privacidade neste
caso, mas ainda assim, medidas para impedir a coleta massiva e
altamente capilarizada devem ser empregadas, pois isso abre espaço para
a violação de direitos, ao apoiar involuntariamente empresas e
instituições que já tem poder demais e abusam desse poder.

Qualidade
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Qualidade está mais relacionada à experiência perceptível ao navegar,
com praticidade e bom desempenho, mas também tem a ver com elementos
não necessariamente perceptíveis, como consumo de recursos da máquina e
aderência aos padrões da Web 2.0.

Além disso, alguns navegadores são conhecidos pela poluição visual,
alertas e constante necessidade de atualizações que poderiam ser
evitadas com um código mais limpo e organizado.

Outra questão relacionada à qualidade é o foco nas funcionalidades que
são próprias da navegação, evitando aquilo que não é necessário em um
navegador, pois isto cria mais complexidade e ainda pode abrir brechas
de segurança.


Bem, por enquanto é isso. Em breve detalharei mais sobre como esses
critérios se traduzem em recursos (ou a falta deles) em navegadores e
demais programas envolvidos.

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Atenciosamente,

Hugo R. Cerqueira

"A única maneira de lidar com um mundo sem liberdade é tornar-se tão
absolutamente livre que a sua própria existência seja um ato de
rebelião."

(Albert Camus)

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• Navegação Web, uma saga, Hugo Cerqueira, 28/05/2022

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