gnl AT framalistes.org
Subject: GNU // Linux // Software Livre // Privacidade // Segurança // Linha de comandos
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- From: Hugo Cerqueira <hrcerq AT disroot.org>
- To: Lista GNL <gnl AT framalistes.org>
- Subject: Troquei o vi pelo ed
- Date: Fri, 30 Aug 2024 21:52:29 -0300
- Authentication-results: rod3.framasoft.org; dkim=pass header.d=disroot.org header.s=mail header.b=JeLEi5CX; spf=pass (rod3.framasoft.org: domain of hrcerq AT disroot.org designates 178.21.23.139 as permitted sender) smtp.mailfrom=hrcerq AT disroot.org; dmarc=pass (policy=reject) header.from=disroot.org
Brincadeira. Isso não é totalmente verdade (ainda, pelo menos). Mas
desde que comecei a levar mais a sério a migração para o OpenBSD, tive
contato com alguns documentos que enalteciam o editor ed, e isso atiçou
a minha curiosidade sobre o tema.
Um deles (e aliás, um excelente documento) é esse aqui [1].
[1] https://pspodcasting.net/dan/blog/2020/complexity.pdf
Eu até então tratava a edição via linha de comando como uma prática
super exótica e apenas com uma importância histórica. Mas hoje vejo que
tem mais valor que isso, e a prática com o ed tem ampliado a minha
percepção sobre a edição de texto.
Eu vi que existe até um livro (sim, um livro sobre ed!) chamado "Ed
Mastery", que usa um tom humorístico, mas ao mesmo tempo é bastante
sério sobre o uso dessa ferramenta.
Comecei a experimentar a edição na linha de comando apenas por uma
curiosidade mesmo, e comecei usando o editor ex, um descendente do ed,
que é parte do editor vi. Ele é mais sofisticado e o que facilitou pra
mim era que caso precisasse poderia alternar entre os modos ex e vi em
uma mesma sessão, sem precisar fechar os arquivos abertos.
Existe muita semelhança entre os dois editores, mas com o tempo comecei
a apreciar a simplicidade e elegância do editor ed. Ele é mais
econômico nas saídas que emite e há menos coisas que precisam ser
lembradas sobre ele. Aliás, ele é um editor que nem mesmo precisa ser
configurado. A man page dele você lê em alguns minutos e já consegue
capturar toda a essência do editor. Depois pode precisar rever algumas
vezes se esquecer algum detalhe, o que tende a diminuir cada vez mais
conforme o uso.
Percebi que ele é muito mais versátil do que parece, até mesmo porque
ele possui uma integração com o shell e comandos do sistema, que pode
ser usada para alavancar as possibilidades de uso do editor.
Eu não achei ele muito confortável para redigir texto, mas para editar
arquivos de configuração e mesmo para programar, achei uma opção muito
interessante. Ele permite, por exemplo, que com uma única linha de
comando você liste todas as funções de um arquivo-fonte, ou todas as
ocorrências de uma chamada de função, por exemplo. Por ser de linha de
comando, inclusive, você não perde o contexto do que estava fazendo
quando fecha o editor. Continua visível no terminal. Isso às vezes
também é útil.
O ed também me salvou quando estava instalando o OpenBSD. A imagem live
não possui o vi. E eu precisei editar algumas coisas. Ter tido contato
com o ed e saber utilizar facilitou bastante o processo.
Bem, mas isso significa que tenho planos de abandonar o vi no futuro e
ficar usando só o ed? Acho isso díficil de acontecer. Como falei, pra
redação, por exemplo, o vi é bem mais confortável, e também notei que
abrir arquivos de texto muito grandes (de vários MBs) no ex/vi é mais
eficiente do que no ed. Mas tenho experimentado usar o ed para mais
tarefas e tenho gostado bastante.
Ele tem realmente proporcionado uma percepção alternativa sobre o
texto, sobre a navegação pelo texto, sobre avançar e retroceder em um
arquivo, filtrar apenas o que interessa, ler o mesmo conteúdo sob
formatos diferentes (usando comandos do shell como funções de
transformação), etc. Isso proporciona uma experiência muito rica em
comparação à edição visual.
Mesmo que no fim eu volte atrás e decida não usar o ed regularmente pra
nada, terá sido um aprendizado importante, e mais uma etapa vencida na
minha saga por uma experiência mais minimalista.
--
Att,
@hrcerq
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- Troquei o vi pelo ed, Hugo Cerqueira, 08/31/2024
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